RESUMO: LIVRO 4 - CAP. 47
PARTE X – RELAÇÕES ABALADAS
Capítulo
47
A canção de um pai
Deus
sabia que aquela não seria uma noite feliz em família, pensava Claire, aflita e
nervosa enquanto aguardava, juntamente com Brianna, a chegada de Jamie. O
jantar já havia sido posto, mas devido às circunstâncias que envolveriam a
suposta conversa que teriam com ele, ninguém, nem mesmo Lizzie, parecia estar
com apetite. Claire tentava provar para si mesma e à filha que ficaria tudo
bem, mas por mais que acreditasse que conhecia bem o gênio do marido, não fazia
ideia de como ele reagiria ao saber que sua filha recém-chegada e com quem
ainda estava se familiarizando, estava grávida de um estuprador.
Ao
adentrar a casa, Claire percebe que Jamie havia se banhado no riacho, afirma
que ele estava atrasado e o beijando rapidamente questiona-o sobre onde ele e Ian
estavam. Jamie justifica o atraso dizendo que eles estavam na casa de Fergus e
Marsalli ajudando-o com a chaminé. Disse que derrubara uma pedra e acreditava
ter quebrado o dedo. Informou que veio antes de Marsalli servir o jantar para
que ela cuidasse de sua mão.
Claire
sentia que Jamie estava diferente, imaginava que poderia ser o cansaço, mas
algo parecia estranho. Ela então o levou até perto da lareira para aproveitar a
luz e melhor avaliar o machucado. Brianna que parecia calma e frágil, também se
mostrou preocupada com o pai. Claire constatou que o dedo não havia se
deslocado e enquanto analisava minuciosamente a mão de Jamie, sentiu-se feliz
pela oportunidade de adiar a conversa sobre a gravidez da filha.
O
silêncio foi quebrado num tom de brincadeira quando Brianna compara a mãe a uma
vidente de nome Madame Lazonga pela forma como ela conseguia adivinhar o local
exato onde a dor se fazia mais forte. Jamie entra na brincadeira, mas afirma
pensar se tratar de uma sacerdotisa. Claire desejou por um momento que aquela
conexão entre pai e filha não terminasse. O osso do dedo havia rachado e
necessitava de maiores cuidados, assim, ela levantou-se e foi procurar uma
bandagem na sua caixa de remédios e linho para fazer uma tala.
Claire
observava Jamie e Brianna e por mais que o marido tentasse disfarçar, ela sabia
que ele estava escondendo algo mais. Com o pretexto de procurar uma pomada para
passar nas mãos do pai, Brianna vai até Claire e a questiona se deve ou não
contar a Jamie, ainda naquela noite, sobre o que lhe acontecera, já que era
notório o cansaço e a dor que ele demonstrava sentir. Claire responde que sim,
mas aconselha que ela o faça depois que Jamie coma primeiro.
Brianna
senta-se ao lado do pai e termina o trabalho de lhe enfaixar a mão e cobrir com
a pomada. De longe Claire percebe que Jamie observa a filha com atenção
enquanto ela mantinha a cabeça baixa e segurava as mãos dele cheias de calo.
Vendo aquela cena, Claire imaginava que a filha estava buscando as palavras
certas para iniciar a conversa e isso lhe apertava o coração.
Segundo
Claire, Jamie estava ensinando lições de gaélico a Brianna todas as noites, e
foi quando ele perguntou “- An e ‘n fhirinn a th’agad? [...] Você me
conta a verdade?” (GABALDON, 2018, p. 653) que Claire se deu conta de que
talvez não fosse necessário contar tudo, ele já sabia... e por mais que
parecesse difícil se controlar, Jamie o fizera até ali e trataria bem a sua
filha.
O
capítulo segue com demonstração de ternura paterna e amor filial. Apesar de
toda a situação, Jamie se mostra um pai compreensivo, amoroso e protetor e
tenta convencer Brianna de que tudo ficará bem, embora ela afirme que isso
nunca irá acontecer. Jamie pede à filha que não se esqueça de que tanto ele
quanto sua mãe estarão sempre com ela, de que Lizzie lhe contara que havia sido
um estupro e que por isso ela jamais deveria se sentir culpada.
Brianna
se surpreende pois não havia comentado nada com Lizze e não imaginava que ela
sabia o que realmente tinha acontecido. Jamie estendeu os braços para Brianna e
a colocou em seu colo, no banco, afirmando que ainda a veria bem casada e que
seu neto teria um bom pai. Ela disse que não poderia se casar com outra pessoa
que não fosse Roger, o homem a quem ela amava.
Ainda
sentada no colo do pai, ela riu e depois o riso se transformou em soluços.
Jamie acariciava e balançava a filha como se ela ainda fosse uma menininha.
Passado um tempo Jamie afirma estar com fome e propõe que todos comam e bebam
um pouco. Quando volta da despensa com os provimentos para o jantar Claire
ainda encontra Brianna no colo de Jamie e eles falam baixinho.
Jamie
conta para a filha que pensava nela quando ela era pequena e imaginava segurando-a
nos braços contra seu coração, quando vivia na caverna. Disse ainda que cantava
para ela olhando as estrelas no céu. Brianna pergunta o que ele cantava e ele
responde que eram canções antigas, de ninar, as mesmas que a mãe dele cantava
para ele e que mais tarde sua irmã cantava para os filhos dela também. Brianna
então pede para que ele cante para ela. Jamie sempre fora desafinado, a canção
subia e descia sem qualquer sentido, mas Claire compreendeu que era uma canção
de um pai que falava de providência e proteção. Brianna faz uma declaração em
gaélico ao pai afirmando que o ama e Claire agradece a Deus por tê-los consigo.
Exausta
de emoção, Brianna adormece depois do jantar, Claire também se sente cansada,
mas ainda não queria dormir, existia um problema a ser resolvido e parecia não
haver paz entre eles. Ela tinha prometido à filha que não contaria sobre
Bonnet, mas temia não conseguir mentir, seu rosto sempre demonstrava o que ela
estava sentindo. Jamie estava inquieto e tudo indicava que também não estava
com sono. Ele convidou Claire para saírem e caminharem juntos.
Enquanto
andavam em meio às árvores até os campos e o milharal, Claire segurava os
braços de Jamie por entre os dedos. Ela notara o quanto ele estava tenso e que
a ira fervilhava sob sua pele, ela queria conversar, mas não tinha ideia de
como começar e do que dizer. Quando chegaram à beira do campo, Claire
interrompe o silêncio perguntando a Jamie o que realmente ele fizera com as
mãos, aproveitando para afirmar que empilhar pedras na chaminé não faz aquele
tipo de estrago. Jamie desvia o assunto como se não quisesse responder.
Jamie
então a questiona sobre o que Brianna havia lhe contado a respeito do estupro.
Claire diz que a filha a fez prometer que não contaria nada, mas que ela mesma
havia alertado Brianna de que ele sempre sabia quando ela estava guardando um
segredo e pediu para que ele não insistisse. Jamie a tranquiliza dizendo que
ela não precisava se preocupar, que ele esperaria quando a própria filha
decidisse contá-lo.
Claire
repete a pergunta sobre como ele machucara as mãos. Jamie justifica fazendo-a
recordar sobre uma situação em que Dougal o havia provocado e que ela mesma o
aconselhara a bater em algo para se sentir melhor. Assim ele disse que havia
batido a mão numa árvore, que doera, mas que agora ele se sentia bem. Jamie
retoma o assunto querendo saber o que realmente havia acontecido com Brianna,
se ela havia sido ferida fisicamente.
À
medida que as perguntas iam sendo respondias, muitas lembranças vinham à tona,
tanto na mente de Claire, mas principalmente nas de Jamie que ao pensar no
estupro da filha não conseguia deixar de se lembrar sobre o que ele sofrera na
Prisão de Wentworth nas mãos de Jack Black Randall e de como as feridas e as
marcas já cicatrizadas, pareciam estar abertas novamente.
Durante
a conversa Jamie sugere que talvez não seja tão difícil para Brianna se
recuperar do trauma, já que não há lembranças físicas do ato. Claire o
repreende afirmando que uma pessoa não se “recupera” de uma gravidez. O tom da
conversa continua tenso e Jamie mais uma vez é tomado pelas avassaladoras
lembranças e tenta fazer Claire entender que sabe exatamente do que está
falando. Lembra-a de que existe o corpo e existe a alma, e que esta também lhe
havia sido tomada por Jack Black.
Jamie
diz acreditar que se o agressor de Brianna havia querido apenas o corpo dela
para satisfazer seus prazeres, ela certamente iria se curar, no entanto “[...]
se ele a conhecia, se era próximo o bastante para desejá-la, e não a qualquer mulher,
então talvez ele possa ter tocado a alma dela e feito estragos de verdade...”
(GABALDON, 2018, p. 660)
Claire
contesta tal afirmação dizendo que muitos estragos foram feitos. Ambos
continuam usando argumentos tentando provar ao outro quem está correto, porém a
discussão vai levando o casal à exaustão. O que os dois buscavam na verdade,
naquele momento, era o conforto um do outro, mas naquela noite, infelizmente,
não tinham como se dar. Jamie explicou a Claire que a desejava e que precisava
muito dela, mas não conseguia pensar como o homem que era e nem tocá-la sem
deixar de lembrar no que Randall fez com ele. Claire mostrou-se compreensiva e
por um momento eles ficaram calados, olhando-se nos olhos.
O
silêncio foi interrompido quando Jamie indaga se Roger seria capaz de ficar ao
lado de Brianna. A pergunta pegou Claire de surpresa, na verdade ela conhecera
Roger por alguns meses, gostava dele, era um jovem decente e respeitável, mas
daí ter certeza do que ele faria quando descobrisse que Brianna tinha sido
estuprada, que estava grávida e que o filho poderia ser do estuprador, era
realmente algo que ela não arriscaria responder. Ela não respondeu, mas
devolveu a pergunta a Jamie pedindo se ele ficaria, caso algo semelhante
acontecesse com ela.
A
resposta não veio em seguida, antes de responder Jamie pôs-se a examinar o
rosto de Claire para depois confirmar de forma sincera e honesta que ficaria
não somente com ela, como também com a criança. Antes que ele falasse mais
alguma coisa, Claire quis saber se ele realmente seria capaz de não pensar no
fato quando fosse para cama com ela, se não veria o pai quando olhasse para o
filho e se ele não permitiria que as lembranças do que acontecera se tornassem
um abismo entre eles.
Jamie
percebe então que Claire se refere a Frank e ao tempo em que eles conviveram
quando ela volta grávida para o futuro, de como ele fica do lado dela, assume e
ama Brianna como sua filha. Claire observa que Jamie ainda está pensativo e
complementa dizendo que poderia ter sido fácil para Frank se ela tivesse sido
estuprada, mas a filha que ela esperava era fruto do amor do homem que ela
amara, ainda amava e certamente amaria para sempre, ou seja, ele, Jamie Fraser.
Frank havia deixado o passado para trás, por Brianna, mas ela não...
Os
dois compreendem que suas escolham foram feitas por amor e agora, em tom de
cumplicidade e carinho, desculpam-se, perdoam-se mutuamente e retomam o caminho
de volta para casa. Durante o trajeto Claire pergunta a Jamie se ele acredita
que ela o ama, já que não costuma declarar isso com frequência. Jamie responde
que sim e brinca dizendo que se não for verdade, ela teria escolhido um momento
ruim para lhe revelar o contrário.
Jamie
pousa a mão sobre os lábios de Claire e esboça um leve sorriso, como se quisesse
mais uma vez confirmar que acredita nela. Por sua vez ela fala novamente: “–
Olhe, o que quero dizer é... se eu não digo, como você sabe que eu amo você?” (GABALDON,
2018, p. 664) Jamie fica parado olhando para ela e diz que sabe por que ela
está ali e que compreende o que ela quer dizer em relação a Roger, pois se ele
atravessou as pedras e veio atrás de Brianna talvez então ele a ame bastante.
Antes
de entrar em casa Claire se aproxima de Jaime, coloca as mãos nos ombros dele e
fala mais uma vez que o ama. Ele olha para ela por um tempo, diz ficar muito
feliz, chama-a para ir para cama dizendo que vai aquecê-la.
Resumo feito pela nossa Sassenach Iara
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Fonte:
GABALDON, Diana. A canção de um pai. In: GABALDON, Diana. Outlander: os tambores de outono. São Paulo: Arqueiro, 2018. Cap.47.
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