RESUMO: LIVRO 3 - CAP. 11
PARTE III – QUANDO ME TORNEI SEU
PRISIONEIRO
Capítulo
11
O
gambito torremolinos
Os
jantares e partidas de xadrez continuaram pelos meses seguintes. Jamie e Grey
estreitavam os laços e as conversas se tornaram amenas. No encontro deste
capítulo, falaram sobre literatura e a complexidade de alguns livros e sua
extensão. O prisioneiro contou que, durante o tempo que morou em uma caverna,
tinha poucos livros à sua disposição, por isso lia de forma que pudesse
aproveitar a leitura em relação ao tempo. O major comentou sobre uma amiga de
sua mãe que havia criticado o tamanho de um livro e a senhora Melton deu-lhe
uma resposta direta e afiada.
A
conversa se desenvolvia enquanto jogavam xadrez. Grey, acostumado a ganhar de
Fraser em poucas partidas, fez uma jogada surpreendente que havia aprendido com
seu irmão Harold. Foi então que Jamie revelou que sabia do parentesco entre
Grey e lorde Melton. Ressaltou que não esqueceu do encontro que teve com o
major quando este ainda tinha dezesseis anos. O oficial ficou surpreso com toda
a revelação, mas pareceu aliviado. Aproveitou o tom da conversa e começou a
falar de sua perda de um amigo muito próximo – que nós sabemos ser, até então,
o grande amor de Grey – que morreu na batalha, seu nome era Hector. Sentia
necessidade de desabafar, de contar sua história com Hector e não confiava em
ninguém. Acreditava que Jamie não contaria a outra pessoa. Suas palavras
revelaram muita dor e uma ferida que ainda não havia cicatrizado pela perda de
alguém querido.
O
major perguntou se Jamie considerava sua vida um fardo. O assunto o levou até
Claire. Assim como Grey, parecia sentir a necessidade de falar sobre sua amada.
Jamie o agradeceu por ele ter “salvo” a vida de Claire – ou pelo menos achou
que teria salvado – quando acreditou que ela fosse uma refém inglesa em posse
dos escoceses. Após algumas risadas, Jamie se retirou em direção à cela.
Lembrou-se de quando estava na caverna e ia até a casa em Lallybroch: “[...] a
mesma sensação estranha de deslocamento; aquela sensação de perder alguma parte
valiosa de si mesmo que não poderia sobreviver à passagem de volta ao dia a dia
da prisão” (GABALDON, 2015a, p. 214).
Já
era bem tarde quando retornou à cela. Encontrou os homens dormindo, deitados
uns junto aos outros para amenizar o frio. Um deles saiu do sono
momentaneamente para perguntar se Jamie havia sido bem alimentado. Ficavam
satisfeitos ao saber o que havia sido servido no jantar e que seu líder tivesse
comido bem. Ao dormir, ele sonhou com Claire, grávida e junto dele. No sonho,
os dois se amavam, ele a tinha em seus braços, sentia seu toque e seu corpo
como uma extensão do seu. No entanto, despertou do sono antes que amanhecesse e
não conseguiu mais retornar ao sonho.
No
jantar seguinte, Grey arrumou-se o mais alinhado possível. Os dois beberam
durante a partida de xadrez. O major parecia cada vez mais encantado pelo
prisioneiro e sua imaginação o fazia viajar por entre os cabelos de Jamie com o
seu toque na nuca do escocês. Pensou consigo mesmo se Hector acharia errado que
ele pudesse amar outro homem. Aí, temos a revelação de Grey apaixonado por
Jamie. Em um determinado momento, colocou sua mão sobre a do prisioneiro. Jamie
sentiu-se ofendido – talvez pelo trauma causado por Jonathan Randall, talvez
por seu amor a Claire, não sabemos bem – e exigiu que Grey tirasse a mão ou
então o mataria. O major lembrou do que o coronel Quarry havia lhe dito: “Se
jantar sozinho com Fraser, não dê as costas para ele” (GABALDON, 2015a, p.
219). Mas, Jamie apenas levantou-se e retirou-se da sala sem dizer qualquer
palavra.
GABALDON, Diana. O gambito torremolinos. In: GABALDON, Diana. Outlander: o resgate no mar. São Paulo: Arqueiro, 2018. v. 3, cap.11.
Apontamentos do capítulo
O
título do capítulo refere-se a um truque usado por jogadores astutos no jogo de
xadrez. No início do capítulo vemos o Major Lord John Grey e o prisioneiro
James Fraser em sua rotina de conversas, dessa vez discutindo sobre o romance
de Samuel Richardson, intitulado Pâmela. A discussão se refere ao tamanho do
romance. Chama-nos a atenção a fala de Jamie quando, ao se referir às histórias
fala: “Cada personagem é cuidadosamente imaginado e todos os incidentes
escolhidos parecem necessários à história.” Nesse trecho tem-se nitidamente a
impressão de que Daiana Gabaldon personifica-se na fala de Jamie, assumindo,
não mais o papel de autora, tornando-se onipresente na fala do personagem que
ela mesma criou.
No
decorrer do capítulo Jamie relata ao Major Grey como fora sua vida solitária na
caverna onde vivera mais de seis anos após Culloden e como a leitura de
romances o ajudou a amenizar a solidão naquele lugar e a ocupar a mente. Ainda durante essa noite, Lord Jonh convida
Jamie para uma partida de xadrez, no entanto, para surpresa de seu adversário,
em dado momento ele faz uma jogada e usa um truque para acabar com a partida,
truque esse que intitula o capítulo, denominado Gambito Torremolinos. Como se
percebe, não era uma jogada a ser usada com qualquer adversário, mas com um
adversário à altura. (...) Era um gambito para ser usado contra uma mente sutil
e perspicaz, e após quase três meses de jogos semanais, Grey sabia muito bem
que tipo de mente estava enfrentando do outro lado do quadriculado do tabuleiro.
Jamie
surpreende-se com a jogada e questiona o Major a respeito de quem o ensinara
tamanho truque e ele revela ter sido seu irmão. A conversa então ganha um novo
rumo e lembranças revelam sentimentos preso e que fazem sofrer ambos os
personagens. John Grey questiona Jamie sobre como se lembrava de seu irmão Hal,
bem como confessa que perdera um grande amigo (na verdade seu grande amor,
Hector) e de como essa perda fora difícil de ser esquecida. A princípio,
enquanto falava, questionava-se de o porquê ter escolhido aquele escocês para
revelar seus sentimentos, já que passou-lhe pela cabeça poderia ter sido o
escocês a sua frente quem executara seu amigo causando-lhe tamanha dor pela
morte e separação de seu amigo. Por fim compreende que Jamie vivera na mesma
situação, pois perdera inúmeros amigos e seu grande e único amor na mesma
batalha. “Talvez estivesse curado, mas jamais esqueceria” ... Essa passagem lembra o episódio - Adoração
Perpétua – quando o padre fala com Claire na Igreja e diz a ela que “Ninguém
morre enquanto é lembrado no coração de alguém.” (frase essa tirada de Doctor
Who pela autora).
Estabelece-se um silêncio por um
tempo e esse é quebrado com a indagação feita pelo Major Grey a Jamie:
-
Considera sua vida um fardo, sr. Fraser?
-Acho
que talvez o maior fardo esteja em se importar com aqueles a quem não podemos
ajudar ...
Nota-se
na resposta de Jamie que, não importa o lugar ou as circunstâncias, as
lembranças de Claire e da Família o mantêm vivo a todo instante. Essa
demonstração de resiliência desse personagem é algo que nos inspira sempre.
Você
gostava muito dela, não é? — perguntou Grey suavemente. Ele reconheceu no
escocês a mesma compulsão que sentira há alguns instantes — a necessidade de
pronunciar um nome guardado, de trazer de volta por um momento o fantasma de um
amor.
As
lembranças de Claire são trazidas à tona durante a conversa, assim como todo o
sentimento de saudade e amor que ainda permaneciam intactos no coração e na
mente de Jaime. Conforme essas lembranças vão se tornando latentes, Jaime
agrade a John pela forma como protegera a honra. Cada personagem é
cuidadosamente imaginado e todos os incidentes escolhidos parecem necessários à
história de sua esposa Claire e então o major tem certeza de que ele o
reconhece. E sim, Jamie não só reconhece John como um homem de valor,
como o agradece de forma verdadeira e honrosa, percebe-se que a partir desse
momento começa a nascer um
relacionamento de respeito e admiração entre ambos, talvez já não mais como
relação de poder entre um administrador e um prisioneiro, mas uma amizade que
se consolidará com os tempos e as circunstâncias.
Ao
retornar para sua cela, Jamie sonha com Claire ainda grávida, acorda
sobressaltado e volta à realidade da prisão, mas o coração e o pensamento
estavam lá... com Claire e a criança.
No Mesmo capítulo- 18 de junho de 1755
Jantar – Lord Jonh e Jamie continuam sua rotina de jogar xadrez e conversar. Jamie começa a despertar em Lord John sentimentos que oscilam entre auto culpa e paixão. Acontece de forma inesperada um primeiro toque de mão... Jamie é pego de surpresa e a situação torna-se tensa e fria entre ambos. Jamie deixa claro que matará o major caso ele volte a tentar tocá-lo. Ele retira-se da presença de Lord Jonh no mais absoluto silêncio.
O
ato de repulsa de Jaime certamente está atrelado às lembranças de tudo o que
sofrera com J. B. Randall quando fora violentado por ele em troca da vida de
Claire. Por mais que tenham se passados anos, as circunstâncias são
praticamente as mesmas, ele está numa prisão, o administrador da prisão tem
poder sobre sua vida, embora durante os últimos meses, tenha se mostrado
cortes, compreensivo, bom companheiro para os jogos de xadrez e por que não
dizer, uma boa companhia para ajudá-lo a amenizar a solidão e rotina penosa a
qual ele e os demais prisioneiros são submetidos. Em relação aos demais amigos,
ele recebeu um tratamento diferenciado e mais “humano” desde que passou a ter a
confiança de Lord John.
No
entanto, ao passo que começou a dividir um pouco dos acontecimentos de sua vida
com o major, confidenciando seus sentimentos pela esposa que partira, a
preocupação com os amigos e familiares que não via há tempos e o mesmo fora
feito pelo Major em relação a ele, um laço de amizade e respeito parecia estar
nascendo entre eles, até o momento em que isso se quebra com o toque da mão de
John sobre a sua... Tudo vem à mente e mesmo sabendo que o sentimento não era
de possessão e sadomasoquismo, Jamie sente-se atormentado, traz para si seus fantasmas, não há como
evitar e nem julgá-lo por isso.
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