RESUMO: LIVRO 3 - CAP. 15

 

PARTE IV – LAKE DISTRICT

Capítulo 15

Por falta de sorte

 

 

Este capítulo se passa em janeiro de 1758. Jamie continua em Helwater como cavalariço. Estava deitado sobre as palhas do estábulo lendo um livro com detalhes eróticos que o fez pensar que não havia esse tipo de leitura em Lallybroch, pois Jenny era a responsável por selecionar os livros. Logo, foi retirado de seu momento de lazer por um dos criados que gritava por seu nome e disse-lhe que havia uma urgência na qual ele e o cocheiro da propriedade deveriam levar lorde Dunsany e Isobel até à propriedade do conde de Ellesmere.

Era um dia de muita chuva para alguém sair e partir em uma viagem, especialmente um homem velho como o lorde. Jamie logo imaginou que se tratava de algo realmente urgente. O trajeto foi marcado por dificuldades decorrentes da chuva, de modo que o escocês teve que parar algumas vezes para empurrar uma das rodas do transporte objetivando retirá-la da lama e, assim, ele rezava para que o vento não derrubasse a carruagem e pudessem seguir viagem em segurança.

Ao chegarem na propriedade, Jamie e o cocheiro – Jeffries – ficaram sabendo, por meio dos mexericos das criadas, que o bebê havia nascido bem e Geneva estava morta em face de complicações após o parto. As empregadas contaram também que o conde alegava que a criança não era sua, indicando não ter consumado de fato o casamento com a jovem. Pouco tempo depois, uma das criadas chegou à cozinha chamando Jamie e Jeffries com urgência sob pedido de lorde Dunsany. Jeffries correu até o coche para pegar as armas que estavam escondidas – cujo porte era necessário em viagens por medidas de segurança e defesa contra assaltos – e Jamie se dirigiu à sala onde ocorria o conflito.

Sogro e genro trocavam acusações e agressões. O conde acusava o lorde de o ter enganado, afirmando que a falecida não era virgem e que, portanto, a criança não era sua, mas que agora seria, pois ele compreendia que havia “comprado” com o acordo do casamento. Lady Dunsany chegou com o recém-nascido em seus braços e foi surpreendida pelo conde que lhe tomou a criança. O lorde exigia que seu genro lhe desse o bebê para que pudessem partir. Mas Ellesmere parecia ser um homem impetuoso e sentia-se com sua honra ferida pelo acordo não cumprido, então, ameaçou jogar a criança de uma janela. Agindo pelo impulso de saber que o pequeno se tratava de seu filho, Jamie disparou a pistola contra o conde.

De volta à Helwater, lady Dunsany conversa com Jamie e lhe diz ser grata por sua atitude em salvar a criança. Explicou que ele não seria incriminado e ofereceu-lhe sua liberdade que poderia ser arranjada por John Grey. Jamie sentia-se tentado, mas sabia que agora estava mais preso do que nunca, pois não queria afastar-se de seu filho.


 Resumo feito pela nossa Sassenach Karla Danielle

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Fonte: 

GABALDON, Diana. Por falta de sorte. In: GABALDON, Diana. Outlander: o resgate no mar. São Paulo: Arqueiro, 2018. v. 3, cap.15.

 

Apontamentos do capítulo

 

 

É janeiro de 1758 em Helwalter... levando em consideração o capítulo anterior, nove meses havia se passado desde então.

O capítulo inicia sugerindo que uma grande tempestade estava prestes a chegar em Helwalter, e porque não usar também essa analogia, para descrever os momentos pelo qual a vida de Jamie irá passar... mais uma vez. O que aparentemente estivera calmo até agora, pode ser inesperadamente interrompido como um relâmpago estrondoso no céu, causando a princípio surpresa, para depois ser seguido de receio e incertezas...Jamie encontra-se confortavelmente abstraído na leitura de um livro que havia emprestado do senhor Grieves quando Hughes o informa de que precisaria ajudar a aprontar a carruagem e conduzir Lord Dunsay , bem como sua filha mais nova, Lady Isobel, a Ellesmere onde sua esposa se encontrava com Geneva, a filha mais velha que estava prestes a dar à luz, segundo informações e mexericos dos criados que corriam na propriedade. No primeiro momento Jamie duvida da veracidade do pedido de Hughes por acreditar que ele estivesse bêbado, mas logo em seguida o fato é confirmado por Jeffries, o chefe dos cavalariços.

O percurso de Helwater até Ellesmere foi descrito como infernal. A chuva e o vento intensificavam os perigos do caminho, seja pela lama que enroscava nas rodas da carruagem, seja pelo eminente fato de ela pode virar e se desmanchar no desfiladeiro. Durante o penoso trajeto foi inevitável Jamie não se reportar à noite em que estivera com Gêneva, e, mesmo sem ter certeza, não se preocupar com a possibilidade de o filho ser seu... “Desde então, fizera o possível para não pensar mais nisso” , mas agora, diante dos mexericos que ouvira, ele “ amaldiçoara Geneva Dunsany outra vez e depois fizera uma prece apressada para ela tivesse um bom parto.”  É impressionante como Jamie, tendo toda a situação a seu desfavor, lembra-se de fazer uma prece pelo bem de Geneva e da criança. Essa é a essencial verdadeira de Jaime...ele se preocupa com quem ama, e nessa passagem, podemos deduzir que, mesmo não tendo certeza de que o filho era seu, o instinto de proteção que é nato em Jamie o faz esquecer do motivo que Geneva o havia chantageado e posto sua vida em risco, pelo menos nesse momento seu desejo era o bem deles.

A chegada a Ellesmere acontece horas depois e sob grande tensão... Após concluir seus trabalhos com os cavalos e averiguar se tudo está em ordem, Jamie e seu companheiro Jeffries se dirigem até a cozinha para fazer uma refeição. Enquanto comem ficam também sabendo, por meio da cozinheira, de tudo o que ocorrera na noite anterior e naquela manhã com Geneva e o bebê. Diante das notícias que lhes são informadas, Jamie vai sentindo o estômago embrulhar ao saber da morte da mãe da criança. Seu desejo era saber sobre o bebê, se era menino ou menina, se havia sobrevivido...Mesmo depois de ser repreendida pela cozinheira  por estar espalhando mexericos, a criada continua contando como o Conde de Ellesmere havia mudado seu comportamento com a esposa depois que descobrira sua gravidez e o quanto isso abalou a relação de ambos. Contou sobre as constantes brigas entre eles, de como Geneva chorava e era xingada por ele, até sugerir que o filho poderia não ser dele.  A Jamie, porém, só importava saber se a criança havia sobrevivido. Por fim ela responde à pergunta feita por Jamie e ele fica sabendo que o bebê é um menino... As revelações da cozinheira nos leva a pensar que Geneva convivera com o conde de Ellesmere por algum tempo escondendo a gravidez e que ele fora bom para ela, no entanto, gravidez não é algo que se possa esconder por muito tempo e que ela certamente pagará o preço por sua escolha até o momento de dar à luz e por que não dizer, depois que já estava com o filho nos braços, mesmo que por pouquíssimo tempo. “Durante algum tempo, acharam que ela ficaria bem, depois que o bebê nasceu (...) ela sentava-se na cama, segurando o bebê e rindo”.

 A conversa é interrompida por Mary Ann que entra de repente e diz que o Lord Dunsany exigia a presença de Jamie e Jeffrey para ajudá-lo com o patrão e exigia que eles levassem suas armas. Antes mesmo de chegar ao topo da escada, do lado de fora da porta, Jamie escuta as acusações de Ellesmere para Dunsany em relação a sua filha, e ao filho que julga ser um bastado. Entre xingamentos e acusações, uma delas acaba por provocar a ira de Ellesmere que insinua que o bastardo teria sido gerado de um ato de incesto: “ — Ah, seu neto, hein? — A voz de Ellesmere soou arrastada e desdenhosa. —Parece muito convicto da “pureza” de sua filha. Tem certeza de que o fedelho não é seu? Ela disse...”. Neste momento inicia-se uma luta corporal entre ambos e Jamie adentra o escritório, avalia a situação e vai em defesa de Dunsany.  Aparentemente os ânimos são acalmados sob a mira das pistolas que estão sendo seguradas por Jeffries, uma em cada mão. Jamie tentou conduzir Lord Dunsany para fora, mas nesse momento foi interrompido por Lady Dunsany que questiona sobre o neto Willian. Enfurecido com a descoberta de que a criança se encontrava enrolada em uma trouxa de roupas para lavar e que possivelmente seria levada às escondidas, Ellesmere, ignorando as pistolas apontadas para ele, saltou de sua poltrona em direção lady Dunsany arrancando a criança de seus braços recuando com ela até próximo à janela de onde ameaça jogá-la. Sem pensar em nada, Jamie arranca uma das pistolas das mãos de Jeffries e atira. (...) “Ficou parado, os olhos cerrados com força, tremendo como uma folha, incapaz de se mover ou pensar, os braços envolvendo com força a trouxa amorfa, que se contorcia e berrava, contendo seu filho. “

            De volta para Helwhater Jamie é informado por Lady Dunsany de que o veredito da corte fora dado como se o Conde de Ellesmere tivesse morrido por acidente, de que estava perturbado com a morte da esposa, e ainda de que havia o fato de que Mackenzie jamais estivera em Ellesmere, de forma que não havia acusações sobre ele e que por isso ele estava livre para poder voltar para casa, para a Escócia. Ainda durante a conversa Lady Dunsany deixa claro saber que seu nome verdadeiro não era Mackenzie, o que de gera em Jamie uma certa dúvida a respeito do que Gêneva poderia ter revelado à mãe antes de morrer, mas esse pensamento é interrompido quando a própria Lady diz  que fora seu marido que a havia contado e que não lhe revelara antes, para poupá-la de sofrimentos. Ao ser questionado sobre a volta para casa, temos, talvez uma das passagens mais intensas desse capítulo...

(...) “Não ser mais um estranho. Deixar para trás a hostilidade e a solidão, chegar a Lallybroch e ver o rosto da irmã iluminar-se de alegria ao avistá-lo, sentir seus braços em torno de sua cintura, o abraço de Ian em torno de seus ombros e as mãos das crianças, agarrando-o, puxando-o pelas roupas.”

 Novamente Jamie se vê diante de ter que fazer uma escolha, escolha essa que implica renunciar a algo que talvez naquele momento fosse a coisa mais importante na sua vida... seu filho, não um filho desejado, mas um filho real, vivo, ao qual ele segurara nos braços, de quem ele salvara a vida, um filho que mesmo em circunstâncias adversas ele já aprendera a amar, a desejar proteger, a ver crescer mesmo que a distância, a querer ensiná-lo algo de si mesmo, mesmo sabendo que nunca poderia dizer quem era, ou  ouvir dele a palavra pai... não importava, o que ele queria era aproveitar o máximo de tempo que a vida pudesse lhe oferecer para estar ali... convivendo com ele como certamente gostaria de ter convivido com o filho que Claire carregara para o futuro a seu pedido. “Ir embora, e nunca mais ver ou saber de seu próprio filho. Olhou fixamente para lady Dunsany, o rosto impassível, indecifrável, de modo que ela não percebesse o turbilhão de emoções que aquela oferta desencadeara em seu íntimo.

Jamie havia visto o rosto do filho dormindo em um cesto, fizera um esforço grande para conseguir vê-lo. Observou-o carinhosamente e imaginou-se o pegando no colo. Chegou até a agradecer a Deus por perceber que os cabelos do filho não eram ruivos como o seu.  (...) “Graças a Deus que não é ruivo”, fora seu primeiro pensamento, persignando-se em seguida num agradecimento.” Jamie sabia que se a verdadeira paternidade de Willian fosse descoberta ele sendo ainda um bebê, certamente seu futuro corria grandes riscos e ele pouco tinha a oferecer. É mais uma vez uma demonstração de muita ternura, amor paternal, mas infelizmente atrelado ao sentimento de impotência e renúncia por um amor maior. E assim ele decide ficar...


Apontamentos de nossa Sassenach Iara Verdi
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