RESUMO: LIVRO 4 - CAP. 4

 

PARTE II – PASSADO IMPERFEITO

Capítulo 4

Uma explosão do passado



Chegaram ao evento observava-se que o cubículo nos bastidores destinado ao uso particular de Roger parecia-lhe extremamente luxuoso. Era limpo e arrumado, com cabides para suas roupas. Perguntou-se qual seria o nível de conforto a que Brianna estava acostumada. Ele não entendia de roupas femininas, mas sabia alguma coisa a respeito de carros. O dela era um Mustang azul novinho em folha que fazia suas mãos coçarem de vontade de pegar no volante. Era óbvio que seus pais o haviam deixado o suficiente para viver de renda, Claire Randall teria providenciado tudo. Só esperava que não fosse tanto que ela pudesse achar que ele estava interessado nela por esse motivo.

Lembrando dos seus pais, ele olhou para o envelope de papel pardo e se deveria entregá-lo a ela.

O que causara o impacto fora a insígnia do clã dos Fraser em seu peito. Je suis prest, dizia. Estou pronta. Nem de longe suficientemente pronta, Roger pensou, e teve vontade de dar um chute em si mesmo por tê-la trazido ali.

Ele já alinhavara uma série de canções em mente, mas era sempre necessário levar a plateia em consideração. As canções mais desbocadas iam melhor quando a plateia já estava bem animada pós um pouco de cerveja.

Queria encontrar-se com Brianna outra vez, ter um pouco de tempo para dar uma volta com ela, levá-la para comer alguma coisa, arranjar-lhe um bom lugar para ver o espetáculo. Atirou o xale de xadrez por cima de um ombro e estava pronto.

Brianna de olhos arregalados disse que ele estava maravilhoso e sorriu, lembrou que sua mãe sempre dissera que homens de kilt eram irresistíveis. E ela tinha razão.

Ela perguntou se ele estava com fome e o convidou para comer espetinho de polvo, tacos de peixe, cachorros-quentes. Ele segurou-a pelo braço e puxou-a de frente para si e pediu desculpas mais uma vez por ter levando-a ali. Ela tranquilizou-o e disse que estava contente.

Ela abanou a mão desamparadamente indicando o redemoinho de ruídos e cores por toda parte. e admirou-se por ser tão escocês aquele ambiente. Ele teve vontade de rir, mas ao mesmo tempo, ela estava certa, de fato era singularmente escocês.

Nesse momento, ele realmente a abraçou e disse a ela que ela também era escocesa. Brianna concordou.

O lugar dedicava-se exclusivamente, ao que parecia, as "feiras étnicas", como um dos vendedores de comidas típicas explicara. O sujeito examinou o kilt de Roger com interesse. E perguntou se ele era escocês, ou só gostava de usar saia. Roger lançou um olhar impassível ao vendedor e confirmou. O vendedor soltou uma boa gargalhada e Brianna rolou os olhos para cima. Roger riu para ela.

Houve tempo para um passeio pelos corredores entre as barraquinhas dos vendedores, a maioria dos visitantes da feira era de turistas.

Brianna perguntou por que MacKenzie e Roger encolheu os ombros e explicou que era o nome de sua família. Explicou que seus pais foram mortos durante a guerra e seu tio-avô o adotou.  Seu nome de batismo era Roger Jeremiah MacKenzie. Brianna mostrou-se surpresa e emitiu um riso reprimido como gás de Coca-Cola.

Ela diz que Jeremiah parece ter sido o escolhido por uma boa causa. Começaram a percorrer o caminho de volta, em direção ao palco. Roger então explica que essa é uma das histórias que seu pai, o reverendo, costumava lhe contar, percorrendo a árvore genealógica da minha família e destacando as pessoas que figuravam ali. 

“Ambrose MacKenzie, é o seu bisavô, Rog. Ele foi um construtor de barcos em Dingwall. E esta é Mary Oliphant. Eu conheci sua bisavó Oliphant, já lhe disse? Viveu até os noventa e sete anos, e lúcida até o último suspiro; uma mulher maravilhosa. Ela foi casada seis vezes — todos morreram de causas naturais, ela me garantiu — mas só coloquei Jeremiah MacKenzie aqui, já que ele foi seu antepassado. O único de quem ela teve filhos, isso me fez pensar muito. Eu perguntei a ela e ela piscou um olho, balançou a cabeça para mim e disse: "Is fhearr an giomach na bhi gun fear tighe." É um antigo provérbio gaélico. "Melhor uma lagosta do que marido nenhum." Ela disse que alguns eram bons para se casar, mas Jeremiah foi o único formoso o bastante para levar para sua cama toda noite.”

Brianna levanta a dúvida do que ela poderia ter dito aos outros. Mas Roger esclarece que ela não disse que não dormia com eles de vez em quando, apenas não toda noite.

Brianna tenta acrescentar que basta uma vez para engravidar, assim sua mãe afirmou.

De braços dados, ele podia sentir o calor de seu corpo através da camiseta fina e uma excitação embaixo do seu kilt o fez pensar que não vestir os calções tinha sido um erro.

Brinna resolve deixar de lado a conversa e diz que saúde é um eufemismo americano para qualquer coisa que tenha a ver com sexo. Segundo ela eles ensinam as meninas e os meninos em separado, a aula das meninas são Os Mistérios da Vida e Dez Maneiras de Dizer Não a um Garoto. E a dos meninos ela não saberia dizer, porque ela não tivera irmãos para lhe contar.

O rosto de Brianna estava vermelho. Ele podia sentir o calor subindo pelo seu próprio pescoço e imaginou que estivessem começando a atrair olhares curiosos dos transeuntes. Desde os dezessete anos que ele não deixava uma garota embaraçá-lo, mas ela estava conseguindo. No entanto, fora ela quem começara.

Puxou-a para mais perto de si. Seus lábios tremiam levemente, reprimindo a vontade de rir. Haviam chegado à porta que dava para os camarins, estava quase na hora de ele pegar seus instrumentos. Ele parou e virou-se para olhar diretamente para ela. E a conversa intima entre eles continua. Ela ergueu a mão e tocou em seu broche. Ele segurou seus dedos e levou-os aos lábios.

Roger mais cauteloso pede que ela dê tempo ao tempo e beijou-a. Ele lhe entregara um pequeno envelope de papel pardo. Disse ter encontrado quando vasculhava a papelada do seu pai em Inverness. e achou que talvez ela quisesse ficar com elas.

Não olhou imediatamente. Sentara-se com o envelope ouvindo Roger. Ele era bom e mesmo distraída, ela podia ver que ele era bom. Tinha uma voz de barítono melodiosa e grave, e sabia o que fazer com ela.

Roger fez sua apresentação e teve a aprovação dos presentes, para muitos dos quais a canção era obviamente uma velha favorita, rapidamente silenciado quando os dedos de Roger tocaram os primeiros acordes em ritmo de marcha. Cope mandou um desafio de Dunbar Dizendo "Charlie, encontre-me, se tiver coragem, E eu lhe ensinarei a arte da guerra Se você vier ao meu encontro de manhã". Ele inclinou a cabeça sobre as cordas, sinalizando para a plateia cantar em coro com ele o refrão zombeteiro.

Brianna sentiu um repentino formigamento na raiz dos cabelos que nada tinha a ver com o cantor ou com o público, mas com a própria canção. Quando Carlos leu a carta, sacou a espada da bainha. Venham, sigam-me, meus valentes guerreiros, E nos encontraremos com Johnnie Cope de manhã! Ela sentiu ali que seu pai e sua mãe estiveram ali naquela canção. Foi seu pai quem comandara o ataque em Preston.

Ela pegou o envelope, avaliando seu peso com os dedos. Talvez devesse esperar até chegar em casa, mas estava curiosa.

Ela enfiou os dedos no envelope e retirou um maço de fotografias. Eram seus pais, Frank e Claire Randall, ambos jovens e felizes. Os rostos eram perfeitamente visíveis, alegres, sorridentes, iluminados de juventude, olhos apenas um para o outro. Brianna sentiu um aperto no coração ao ver. Olhou a última foto e compreendeu o que ela estava vendo.

Enquanto isso Roger cantava a última antiga favorita. Uma canção enviada por um prisioneiro jacobita, a caminho de Londres para ser enforcado, a sua mulher nas Highlands. Ela espalmou as mãos abertas sobre as fotografias como se não quisesse que ninguém as visse. Um choque gelado percorreu-a. Fotos de casamento. Claro, eles se casaram na Escócia. O reverendo Wakefield não teria presidido a cerimônia, não sendo um padre católico, mas ele era um dos mais antigos amigos de seu pai, a recepção deve ter sido realizada na residência paroquial. Ohou novamente para o rosto jovem de sua mãe. Dezoito anos. Claire casara-se com Frank Randall aos dezoito anos. Como alguém tão jovem poderia saber ao certo o que queria? Mas Claire tinha certeza ou achava que tinha.

Brianna saiu atabalhoadamente da fileira e fugiu, antes que alguém visse suas lágrimas. Roger foi vê-la, mas ela disse que estava tudo bem, que ele não se preocupasse. Ele olhou para ela um pouco ansiosamente, mas deixou passar.

Passaram o resto da tarde passeando pelo festival, comprando lembranças, saindo para ver o concurso de bandas de gaitas-de-foles, entrando, quase surdos, para ver um jovem dançar entre duas espadas cruzadas no chão. As fotografias ficaram fora de vista, na bolsa de Brianna.

Brianna ouve uma mulher perguntando a um rapaz sobre o que é a chamada dos clãs. Conforme os dois desciam a trilha em direção ao espaço vazio em frente às arquibancadas, Brianna foi observando uma longa fileira de homens, cada um com uma tocha, todos vestidos com os melhores trajes dos chefes dos clãs das Highlands. Pareciam bárbaros e esplêndidos, ornamentados com penas de tetrazes, a prata das espadas e adagas cintilando, vermelhas, refletindo a luz das tochas entre as pregas de tecido tartã. As gaitas-de-foles pararam de repente e o primeiro da fila de homens caminhou com passadas largas até o centro da clareira e parou diante dos palanques. Ergueu a tocha acima da cabeça e gritou: — Os Cameron estão aqui!

Roger combinou de encontrar-se com ela depois perto dos camarins, e ela assentiu.

O cheiro de madeira queimada enchia o ar da noite, misturando-se à fragrância mais fraca de tabaco dos cigarros na plateia. “Os Fraser estão aqui!” O pânico tomou conta de Brianna e sua mão apertou com força o fecho de sua bolsa. Brianna segurava sua bolsa no colo, apertada com força, como se quisesse impedir seu conteúdo de escapar como o gênio da lâmpada. Ela então pensou “Como não poderia?”


Resumo feito pela nossa Sassenach Angélica

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 Fonte: 

GABALDON, Diana. Uma explosão do passado. In: GABALDON, Diana. Outlander: os tambores de outono. São Paulo: Arqueiro, 2018. Cap.4.

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