RESUMO: LIVRO 4 - CAP. 6
PARTE
III - PIRATAS
Capítulo
6
Encontro uma hérnia
É
junho de 1767, Jamie, Claire, jovem Ian, Fergus e Duncan estão à procura de um
barco que os levasse até River Run, propriedade de Hector Cameron, tio de Jaime
e que ficava a cerca de trezentos e vinte quilômetros do lugar onde estavam. Se
fossem por terra, dependendo dos fatores da estrada, poderiam chegar lá em duas
semanas ou mais, mas de barco a viagem seria mais curta, de quatro dias a uma
semana. Jaime protestara por alguns momentos, sempre odiou viajar em barcos ou
navios, mas estava decidido, iriam de barco, o problema continuava sendo
conseguir um e pagar todas as passagens.
Claire
lembra de que certa vez, andando para o norte a partir de Charleston,
precisaram acampar à noite longe da estrada, foi quando eles descobriram uma
propriedade abandonada na qual encontraram um pomar de pêssegos. Os frutos
estavam maduros e eles puderam saborear à vontade, além disso, encheram a
carroça e venderam durante o caminho até Wilmington, garantindo com isso um
saco de moedas e um odor entranhado no corpo como se tivessem sido mergulhados
em licor da fruta.
De
posse de uma quantia considerável, Jamie sugere a Claire que vá com Fergus e o
jovem Ian até o centro da cidade para comprar o que pudessem para suas
provisões, com exceção de pêssegos (é claro), enquanto ele e Duncan tentariam
vender a carroça e os cavalos e conseguir um barco. Jaime informou ainda que
procuraria por um ourives na esperança de conseguir um bom preço por uma das
pedras que carregava consigo. Jaime
sugere a Claire que compre, dentre outras coisas, linha e agulha que serão
necessárias para consertar as roupas deles rasgadas durante a “colheita” nos
pessegueiros, e assim não parecerem mendigos quando chegarem à casa dos
parentes em River Run. Ao saírem, Ian lembra o tio de ter cuidado e pede para
que ele leve consigo o cachorro Rollo para protegê-lo.
Wilmington era uma cidade pequena,
mas privilegiada devido a sua situação portuária que lhe garantia boas feiras,
doca de despacho e ainda várias lojas de produtos da região e também de artigos
de luxo importado da Europa. Enquanto faziam as compras, Fergus conferia um a
um os itens adquiridos por Claire e dava sua opinião sobre o que considerava
ser ou não necessário.
Tudo
parecia estar sendo aprovado pelo francês, até o momento em que ele questiona
sobre a compra de rendas e fitas para o cabelo dos homens. Claire justifica que
não estava fazendo nenhuma extravagância já que o próprio Jamie havia afirmado
que não queria que eles parecessem maltrapilhos quando encontrassem seus tios.
O jovem Ian lembra Claire de que ela também precisava estar bem aparentada e
que por isso precisava comprar fitas para adornar os próprios cachos.
Entre
uma opinião e outra sobre qual cor cairia melhor para Claire, Fergus,
aproveitando-se da experiência que tivera enquanto vivera entre as “les
mesdames”, nos bordéis da França, convence-a de que “- As mulheres nunca
estão velhas demais para vestir roupas cor-de-rosa [...]” (GABALDON, 2018, p. 88).
Claire se questiona por um momento se Fergus superaria esse hábito já que
estava casado com Marsali, a enteada de Jaime, e que se encontrava na Jamaica
prestes a dar à luz ao primeiro filho do casal.
Ao
saírem da loja, cheios de cestos e sacos com provisões, Claire, jovem Ian e
Fergus entram na rua e se dirigem ao porto à procura de Jaime e Duncan. Ao
avistar o dono, Rollo desceu a rua para encontrá-lo, causando estranheza e medo
nas poucas pessoas que por ali passavam. O cão chamou a atenção de um homem que
caminhava na direção de Claire. Tratava-se de John Quincy Myers e, segundo ela,
era um dos homens mais altos que já vira, mais alto do que Jaime inclusive,
suas mãos eram esguias, magras e enormes, tinha os cabelos negros e cacheados
que caiam sobre os ombros.
John
Quincy Myers cumprimentou Claire que parecia fascinada, cheirou os dedos dela e
lhe teceu elogios afirmando que ela era certamente uma mulher sábia já que suas
mãos exalavam o odor de raiz de sassafrás e a ipecacuanha. Ian, que estava
atento à conversa, confirmou orgulhoso e fez questão de ressaltar que sua tia
era, além de sábia, uma curandeira famosa. O senhor Myers pareceu muito
interessado e satisfeito com a recente informação já que se encontrava numa
situação a qual julgava não ser doença, mas sim uma maldição.
Ao
ser questionado por Claire sobre o problema, o senhor John Quincy Myers
explicou que estava com um grande inchaço que começava atrás de seus testículos
e que apesar de não lhe causar dor, exceto quando montava num cavalo, era-lhe
muito inconveniente. Em seguida pediu a ela se não poderia olhar a região e
dizer o que ele deveria usar para melhorar. Antes que pudesse responder
qualquer coisa, Claire ouve a voz de Jaime atrás dela perguntando se poderia
ter a honra de conhecer o senhor John Myers. Ambos os homens se cumprimentaram
e ao se apresentar Jamie mencionou o nome de Hector Cameron, confirmou ser
escocês das Terras Altas, disse que o velho Cameron era tio de sua esposa, mas
que não o conhecera pessoalmente e explicou que estava à procura de alguém que
pudesse levá-los até a propriedade de Cameron onde vivia sua tia.
Enquanto conversavam, o senhor John
Quincy Myers pergunta a Jamie se o senhor Cameron sabia que ele estava indo
visitá-lo. Jamie nega e afirma não saber responder, mas que tinha enviado uma
carta da Geórgia havia um mês, porém não poderia afirmar se o tio a havia
recebido. Myers diz acreditar que não teria como Hector Cameron ter recebido a
carta já que falecera no fim do último inverno em decorrência de uma infecção
de garganta. Jaime pareceu assustado com a notícia, já que não tinha
conhecimento do fato. Por fim o senhor John Quincy diz que poderá levá-los até
River Run e que fizera muitas perguntas antes porque precisava ter certeza de
que Jaime era realmente parente, apesar de admitir que as feições dele e de Ian
fossem muito parecidas com a da viúva Cameron.
Deixando
o assunto dos Cameron de lado, Myers retoma a conversa com Claire querendo
saber exatamente do que se trata a sua “bola rocha extra, crescida”. As pessoas
na rua paravam e estavam começando a olhar para eles. Claire explicou que
acreditava se tratar de uma hérnia inguinal, mas que talvez tivesse que
examinar melhor, em algum lugar reservado. Disse ainda que era um problema
fácil de resolver com cirurgia, mas que tal procedimento só poderia ser feito
se o paciente estivesse adormecido, inconsciente, já que teria que cortá-lo e
costurá-lo em seguida.
Diante
das explicações de Claire, Myers confirmou que já tentara outros procedimentos,
mas que não tinha adiantado e ficou pensativo quanto à possibilidade de cortar,
mas... Finalmente ele confirmou conhecer o homem certo para levar Jaime, Claire
e os outros até a propriedade dos Cameron. Falou que iria buscar Josh Freeman
no Sailor Rest. Antes de sair, porém, perguntou a Jaime se Claire poderia
encontrá-lo na taverna para examinar melhor sua hérnia inguinal. A questão do
barco já não era mais problema e chegar a River Run agora era questão de tempo.
Durante
a manhã Jaime encontrara um possível comprador de pedras e também havia
conseguido um convite para jantar com o governador Tryon na casa do sr.
Lillington. Na verdade Jaime planejava conhecer o Barão Pezler, um nobre
alemão, rico e famoso por colecionar objetos finos e que também estaria
presente. Claire reluta, no primeiro momento, em acompanhar Jaime ao jantar por
achar que não tinha roupas apropriadas para a refinada ocasião. Jaime a
convence de que precisará dela ao seu lado durante o jantar, já que pretende
aproveitar a presença de alguns nobres e ricos senhores, para pôr em prática um
plano de investimento que poderá garantir mais dinheiro para eles. Claire
interroga Jamie sobre o custo que tudo isso causará, mas ele assegura que o
primo de Edwin havia lhe adiantado um valor pela venda de uma pedra e que fazia
questão de que ela providenciasse um vestido adequado junto a melhor costureira
de Wilmington.
Os
quartos de hóspedes da casa do Sr. Lillington estavam todos ocupados. Foi
reservado para Claire e Jaime um espaço no sótão do primo Edwin em cima do
estábulo. O lugar era limpo e isso era o que mais importava para Claire que
analisava tudo enquanto se vestia. A senhora Lillington gentilmente oferecera
uma bacia grande com água e sabão com cheiro de lavanda. Enquanto aguardava
Jamie chegar, a costureira ia ajustando a barra da saia do vestido que Claire
usaria. O vestido estava fora de moda, mas segundo Claire, não era tão ruim,
era de seda cor de creme, com meia manga e muito simples, com faixas de seda
cor de vinho no quadril e duas tiras de seda da mesma cor que subiam em duas
fileiras da cintura aos seios. O tecido de seda tinha vindo da Carolina do Sul.
A costureira ajudou Claire a prender os cabelos com um penteado frouxo com a
fita cor-de-rosa e depois de analisá-la e dizer que tudo estava harmonioso,
lembrou-a de que o colo de Claire parecia nu e que ficaria melhor se adornado
com uma joia.
Nesse
momento Jaime aparece à porta. Ele conseguira tomar banho, vestia uma camisa
limpa e um lenço. Havia ajeitado os cabelos em uma trança presa com a fita
azul. O casaco usual tinha sido escovado e decorado com botões prateados,
alugados do ourives. Jamie pegou um lenço do bolso e de dentro dele retirou uma
fina corrente de ouro com um rubi e prendeu-a no pescoço de Claire. A
costureira que até então emitira várias opiniões sobre o figurino de Claire
também se mostrou levemente surpresa e impressionada com a beleza que o todo
conjunto agora proporcionava. Jamie por sua vez, agindo como um perfeito
cavalheiro compara Claire a uma caixa de joias e fazendo uma reverência a
convida para o jantar:
“—
Poderia me conceder o prazer de sua companhia para o jantar, madame?”
(GABALDON, 2018, p. 95)
😍
Fonte:
GABALDON, Diana. Encontro uma hernia. In: GABALDON, Diana. Outlander: os tambores de outono. São Paulo: Arqueiro, 2018. Cap.6.
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