RESUMO: LIVRO 4 - CAP. 8
PARTE III - PIRATAS
Capítulo
8
Homem de valor
Saíram do porto de Wilmington, de barco, após dois dias de
compras e preparações, a caminho de Cross Creek. Venderam rubis e não os
cavalos. Duncan seguiu com a carroça e os produtos pesados. Claire, Jamie, Fergus,
Ian e Rollo fariam uma viagem mais confortável com o capitão Freeman a bordo do
Sally Ann.
A embarcação parecia um caranguejo em uma pedra balançando
uma bandeira de paz. Era imensa e lenta. Claire se sentia feliz, mas Jamie,
apesar do rio calmo, o aproximar de outro barco o fazia fechar os olhos e
deixar de acreditar na possibilidade remota de não passar mal.
Fazer ou não, uso das agulhas de acupuntura que o aliviara
na travessia do Atlântico, seria decidido depois. A distração era a conversa,
mas a preocupação estava no movimento de embarcações que poderiam colidir com o
Sally Ann.
Esperando distrai-lo, Claire indagava de tia Jocasta, sua
vida e seus casamentos. Ela havia se casado com o Cameron of Erracht e saiu de
Leoch um ano antes da mãe de Jamie se casar com Brian. Jamie conversava de modo
distraído.... John Cameron morreu de desidratação, e ela se casou com o primo,
Black Hugh Cameron de Aberfeldy. Black Hugh foi morto em uma caçada e Jocasta
se casou com Hector Mor Cameron, de Loch Eilean. Ela parecia gostar bastante
dos Cameron — Claire falou fascinada.
Ainda saiam do porto de Wilmington, e pequenas embarcações
passavam rápidas, de um lado a outro. Jamie estava pálido, mas não verde. Claire,
aproveitando o calor do sol se alongou e apesar da alta temperatura, se sentiu
reconfortada, depois da noite mal dormida que passara. Apreciando-se mutuamente
em carícias e massagens, o casal continuou o colóquio sobre os casamentos de
Jocasta, ficando Claire informada que a mesma atualmente estava novamente
viúva.
Hector Mor Cameron havia se preparado para a eventualidade
de um desastre em Culloden. Escapara sem ferimentos, colocou a esposa, o servo
e as coisas portáteis que possuía e fugiram para Edimburgo, dali para a
Carolina do Norte, de barco, escapando das garras da Coroa. Lá, morreu de uma
infecção de garganta com a idade de setenta e três anos. Jocasta MacKenzie
Cameron Cameron Cameron havia se recusado a se casar de novo, e permaneceu
sozinha como administradora de River Run.
Ian sempre chegando inoportunamente, com suas indagações. Claire
e Jamie o instigam a dormir. “— Não estou nem um pouco cansado, tia! - garantiu
Ian. — Acho que passarei dias sem dormir!” (GABALDON, 2018, p. 115) Jamie olha
para o sobrinho dizendo-lhe que veria se sua opinião continuaria a mesma após
remar e saiu a procurar algo na cabine.
Estava muito quente. Claire torcia para que soprasse uma
brisa mais tarde. A vela do barco continuava parada e o tecido da sua
combinação estava úmido contra as suas pernas. Sai em busca de água,
encontra-se com Fergus, na popa, que a cumprimenta dando vazão a um sentimento
de admiração pelo novo país.
Jaime dissera a Fergus que qualquer homem poderia entrar
com uma petição por vinte hectares de terra, desde que construísse uma casa e
trabalhasse a terra por dez anos.
“[...] 20 hectares! — Enrolou as palavras na boca,
saboreando-as com admiração. — Um camponês de origem francesa se sentiria
abençoado com dois.” (GABALDON, 2018, p. 116) Claire avaliou a dificuldade que
Fergus teria, em trabalhar com uma mão só, apesar do solo fértil. Com seu olhar
sonhador e brilhante, ele continuou a imaginação da construção da casa para
depois buscar Marsali e a criança.
Ela ficara na Jamaica sobre a proteção de amigos, e de São
Dimas, santo protetor dele desde a infância. Apresentou a Claire o projeto para
o nascimento do filho, que sendo homem ou mulher, já tinha praticamente nome
definido, em homenagem a Jamie e, Ian, ou a Jenny e Claire. Ao ser questionado
sobre sua presença no nascimento, Fergus disse que o Milorde precisaria muito
mais dele naquele lugar desconhecido, que nem se sabia se era seguro.
E o aparecimento de um corpo em decomposição, nas águas
lodosas, trouxe a noção de que teriam piratas ao redor. Ian também vira. Ele
era grande demais para segurar a mão de Claire, mas ficou bem ao seu lado,
pálido.
Um movimento perto da margem, assustou os pássaros. Uma
forma comprida e escamosa, de cerca de um metro e oitenta, entrara na água
abrindo um buraco na lama da margem. Crocodilo ou jacaré? “História Natural da
Carolina do Norte”, com esse livro em punho, que ganhara do governador, Jamie
aparece dando as especificações do animal, que era um jacaré. E Fergus traz à
lembrança de uma narrativa feita a ele e a Jamie, pelo dr. Stern, sobre
crocodilos numa viagem ao Egito. Ian ficou boquiaberto.
A subida da água os pegou a quase dois quilômetros acima de
Wilmington. O Cabo Fear era um rio de maré, a subida diária era de dois terços
de sua extensão, quase a mesma distância de Cross Creek. Não haveria
necessidade de remar até que a água baixasse, em cinco ou seis horas. Depois,
ancorariam à noite e pegariam a subida da próxima maré pela manhã, ou fariam
uso da vela para progredir mais, se o vento permitisse.
A sonolência tomou conta da tripulação que se dispersou.
Jamie e Claire sentaram-se na popa do navio- colocando os pés na água e
suspirando de prazer ao sentir seu frio. Jaime colocou uma caixa no colo dela.
Era uma caixa pesada, larga e profunda. Entalhada em uma madeira grossa e
escura, trazia as marcas de uso, que a tinham envelhecido, mas não estragado
sua beleza. Claire ergueu a tampa e sentiu um cheiro de cânfora, vaporoso como
o gênio da lâmpada de Aladim. “Um serrote pequeno e de dente grande, tesouras,
três bisturis — de lâminas redonda, reta e curva —, a lâmina de prata de uma
espátula, um tentáculo...” (GABALDON, 2018, p. 120) Ferramentas e objetos que a
encantaram. Nem mesmo fazia ideia de como usar ou para que servissem algumas
das peças, mas considerou-as lindas de qualquer jeito.
“— Gostaria de saber de quem elas eram.” (GABALDON, 2018,
p. 121) Jaime respondeu que a mulher que lhe vendera a caixa e não sabia a quem
pertencia. Havia um livro que a acompanhava, talvez nele aparecesse um nome. As
páginas eram cobertas por uma caligrafia unida, organizada, com tinta preta,
intercalada com desenhos que chamaram atenção de Claire pela familiaridade
clínica.
Eis que surge o nome de Dr. Daniel Rawlings. O médico se
hospedara com a vendedora do livro por uma noite. Disse que morava na Virgínia
e tinha ido para realizar alguma tarefa. Mas, uma noite depois do jantar, ele
saiu e nunca mais voltou. Afirmando para Jamie que não se importava de usar a
maleta do médico, Claire se lembrou com detalhes da sua, e que a havia dado
para seu amigo Joe Abernathy. Que alguém a valorizasse tanto quanto ela.
Questionando sobre a compra da caixa, sobre a joia que
Jamie quisera comprar na oficina do ourives, se era reparação pelo valor enorme
que enviara à Escócia para Laoghaire, dizendo que não se ressentira disso, Claire
ouviu em troca uma linda declaração: “— Há exatos 24 anos, eu me casei com
você, Sassenach — sussurrou ele. — Espero que você ainda não tenha motivos para
se arrepender.” (GABALDON, 2018, p. 122)
Seguiram viagem rumo a Cross Creek, pararam para passar a
noite quando a maré baixou. Comeram o jantar à frente de uma pequena fogueira
na margem, mas dormiram no barco. Claire acordou tensa, encostou se em Jamie ao
levantar-se e viu-se envolvida na fremente busca que ele sempre fazia, ao
encostar-se a seu corpo. Advertido por ela sobre a situação, tempo, local e
ouvindo a movimentação de Rollo e Ian, Jamie disse para ela, usando
determinadas citações em latim, que decididamente, tempo era algo essencial
para ele. Gostava de demorar.
Claire folheava o livro e Jamie com suas lições de grego
antigo para Ian. Assumira a guarda do sobrinho com a devida seriedade, e vinha
tutelando-o enquanto viajavam, ensinando-lhe os rudimentos do grego e da
gramática do latim, procurando melhorar também sua matemática e a conversação
em francês.
Jamie era um poliglota nato. Aprendia línguas e dialetos
sem qualquer esforço. Aprendera os clássicos na Université em Paris, e, apesar
de discordar de alguns dos filósofos romanos, considerava muito Homero e
Virgílio. Ian falava o gaélico e o inglês com os quais fora criado, e um tipo
de francês vulgar aprendido com Fergus. Tinha uma leve compreensão a respeito
dos mistérios da conjugação do latim.
A agitação entre Ian e Jamie em meio às lições fez com que
Claire se levantasse para intermediar. Questionada pelo marido se, por ser médica,
sabia latim, Claire respondeu: “— Só me lembro de Arma virumque cano. — Olhou
para Ian e traduziu, sorrindo. — “Um cão mordeu meu braço”. Ian começou a rir,
e Jamie olhou para mim com grande decepção.” (GABALDON, 2018, p. 127) Ian
começou a rir, e Jamie olhou para ela com grande decepção. Apesar de não serem
parecidos, os dois tinham cabelos grossos e o hábito de passar a mão por eles
quando se sentiam agitados ou pensativos. Devia ter sido uma aula estressante.
Jamie queria incentivar Ian a aproveitar a oportunidade do
aprendizado, apesar da idade do jovem e mencionou o período que passara na
Université em Paris, no que também foi lembrado por Ian do período que seu pai
passara lutando na França .Jaime se lembrou do tempo, que passara ao lado de
Ian, em Flandres. Por mais de um ano, antes de Ian ser ferido e mandado para
casa. Lutaram com um regimento de mercenários escoceses naquela época... Sob o
comando de Fergus Mac Leodhas.
Lembranças, questionamentos e constatações surgiram. O nome
do menino Fergus de Paris, a amputação da perna do velho Ian, sua discrição nas
narrativas sobre o fato aos filhos, na expectativa que os filhos não se
empolgassem por guerras e lutas. O velho Ian tinha sido sábio, Jenny prudente
em seu amor de mãe.
Ian questionou o tio sobre seus conhecimentos. Jaime respondeu-lhe
que o homem sábio conhece os limites deles, e gostaria que os limites de Ian
fossem um pouco além.
“— Nunca quis ser um cavalheiro — disse ele. — Afinal, o
jovem Jamie e Michael não sabem ler em grego e passam bem!” (GABALDON, 2018, p.
129)
“- O jovem Jamie tem Lallybroch. E Michael está bem com
Jared em Paris” (GABALDON, 2018, p. 129). Até onde o dinheiro deu foi feito,
mas não puderam estudar e Jenny e Ian não queriam isso para o Jovem Ian. Jamie
disse que eles querem que Ian se “[...] se torne um homem de conhecimento e
influência; duine uasal, talvez.” (GABALDON, 2018, p. 129). Era uma
expressão gaélica, literalmente, “um homem de valor”. Era o termo para donos de
terra, os homens de propriedade e seguidores que vinham abaixo apenas dos
líderes dos clãs das Terras Altas. Jamie fora isso um dia. Lallybroch era dele
por direito. Apenas em um esforço de salvar a propriedade de ser confiscada, ele
a transmitira legalmente ao jovem Jamie.
Entrando num campo perigoso, Ian perguntou ao tio se ele
correspondera aos anseios de seus pais, no que foi respondido prontamente: “Eu
fui criado para fazer duas coisas, Ian. Para cuidar da minha terra e do meu
povo, e para cuidar da minha família. Faço essas duas coisas da melhor maneira
que posso.” (GABALDON, 2018, p. 129)
“— Bem, eu não queria... — disse ele, olhando para os pés.
— Não se preocupe rapaz. [...] - Você vai ser alguém pela sua mãe... ainda que
tenhamos que morrer para isso. E agora acho que é a minha vez com o remo.”
(GABALDON, 2018, p. 129)
Jamie diferentemente dos outros homens, não podia tirar a
camisa, mas tirou a calça para se refrescar e trabalhar com a camisa amarrada
entre as coxas, no estilo das Terras Altas. Disse para Ian e em seguida para
Claire:
— Sendo o filho
mais jovem ou não, sua vida não deve ser desperdiçada. Ele sorriu para mim
nesse momento com uma alegria de fazer o coração saltar, e lhe entregou as
calças. E então, ainda segurando sua mão, ficou de pé e, com a outra mão sobre
o coração, declamou:
Amo, amas,
amo uma moça,
alta e esguia;
muito
graciosa
em sua
determinação
e é do sexo
feminino.
[...] Posso declinar
uma ninfa tão divina?
Sua voz é
como uma flauta doce;
Os olhos
brilhantes, as mãos claras
E macias,
quando eu as toco, seu pulso se acelera.
Tão linda,
minha moça
Eu a beijarei
por séculos.
E se eu tiver
sorte, senhor, ela será minha esposa,
Para sempre. (GABALDON, 2018, p. 130)
Tentando piscar e fazendo uma reverencia a Claire, se
afastou vestindo a camisa.
Resumo feito pela nossa Ex-Sassenach Leila
Fonte:
GABALDON, Diana. Homem de valor. In: GABALDON, Diana. Outlander: os tambores de outono. São Paulo: Arqueiro, 2018. Cap.8.
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