Feliz Dia Internacional da Mulher

Texto escrito pela Sassenach Patrícia Mesquita

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Hoje quero falar dela, Claire Elizabeth Beauchamp Randall Fraser, esse verdadeiro ícone literário, personagem admirável, uma heroína que nem de longe lembra as típicas mocinhas dos romances tradicionais. Sabe aquela, frágil e submissa?! Ao contrário disso, Claire possui personalidade notável daquela que nos arrebata de imediato. E logo ao primeiro contato, fica evidente que se trata de uma mulher à frente do seu tempo, e olha que não me refiro apenas à Escócia do século XVIII, vez que ela também já mantinha uma visão progressista em relação aos fatos sociais em 1945, fato este que fica visível, assim que se inicia a leitura da obra de Diana Gabaldon, ou ao assistir algum episódio da série na TV. Afinal ela pode ser tudo, menos uma mulher comum.

Ante suas inúmeras qualidades, o substantivo próprio Claire Fraser em si, é digno de ser tomado como um adjetivo superlativo absoluto. Contudo, ela pode ser detalhadamente descrita como uma mulher inteligente, sensível, obstinada, independente, competente, corajosa, inconsequente, forte, linda, teimosa, sensual, apaixonada... E acima de tudo humana, possui um senso de justiça, resiliência, empatia e altruísmo amplamente aguçado e luta como uma leoa por seus ideais e convicções. Uma mulher que está longe de ser perfeita, que questiona tudo e todos, que erra muito, sim, ela é humanamente imperfeita, e é isso que a torna tão admiravelmente incrível.

Outra característica importante desta maravilhosa personagem que vale a pena ressaltar é seu desapego ao material. As circunstâncias da vida lhe ensinaram que de fato o importante não são as coisas, mas as pessoas e as conexões que podem ser firmadas e estreitadas com elas. Sua inteligência emocional bem consolidada é outro importante fator que merece destaque, visto que ela possui uma habilidade quase que camaleônica de se adaptar ao meio e as inúmeras intempéries que foram surgindo ao longo de sua vida e "Jesus H. Roosevelt Christ", não são poucas 😂.

Eu não tenho que fazer o que você quer que eu faça!” esta é uma das muitas frases impactantes proferidas por ela e que enfatiza bem seu papel de empoderamento feminino em plena sociedade escocesa, de 1743. Diante de uma sociedade misógina, historicamente marcada pelas tentativas em todos os âmbitos, em silenciar as mulheres, a fala de Claire é mesmo um ato revolucionário. Vemos que em muitas passagens do enredo, a personagem intervém nos assuntos que são considerados de domínio masculino e ela se recusa ainda que sofrendo retaliações na própria carne, a recolher-se a uma condição de silêncio e insignificância.

Como enfermeira/curandeira, Claire explorou seu lado profissional e a importância do trabalho para a mulher, demonstrando uma habilidade absurda de agir sobre pressão, sua competência, comprometimento e determinação. Ainda através da enfermagem, deixou, voluntariamente, seu marido para servir ao país, na Segunda Guerra Mundial. Já naquela época ela se recusava a ser apenas a esposa devotada ao lar e ao marido, ou seja, a personagem desde sempre caminha na contramão do papel social convencional traçado para a mulher. Posteriormente como estudante de medicina/cirurgiã, enfatizou a luta política e social da mulher em conquistar lugares antes ocupados apenas por homens.

Em suas relações amorosas, a personagem mostra que apesar de ser uma companheira dedicada, apaixonada e leal, não abre mão de ser quem é. Ela não tem vergonha de sua sexualidade de demonstrar seus gostos e vontades, de ser uma pessoa autônoma. É apresentada como uma companheira que ama se entrega e não tem pudor em manifestar seus desejos e vontades sexuais. Enfim, uma mulher de carne e osso, consciente de seu próprio corpo e que não segue um padrão preestabelecido pelas convenções sociais.

Como mãe, Claire vivenciou emoções paradoxais e impactantes, desde a dúvida se poderia ou não ter filhos, a alegria de gestar Faith; seguida da insegurança de ser ou não uma boa mãe, a amarga dor de passar pela perda daquela criança tão esperada e desejada. Contudo, seu lado maternal aguçado foi lindamente colocado em prática quando o menino Fergus cruzou o seu caminho, e como nos emociona ver o crescente vínculo firmado na relação de amor, carinho, preocupação, respeito e cumplicidade que se estabelece entre eles.

Depois, ao descobrir a gravidez de Brianna e obrigada a retomar à sua época, apavorada, sozinha e de coração partido por ter que deixar Jaime, Claire que não tinha parentes a quem recorrer, não viu outra opção a não ser aceitar a proposta de Frank e juntos construírem uma família. Ela se doou a este papel da melhor forma que pôde, tudo em prol do bem de sua filha, demonstrando o quanto a maternidade molda e muda o curso da vida da mulher, vez que a encoraja e fortalece, deixando o reconfortante sabor da certeza que em se tratando de filhos todo sacrifício é válido.

Por fim, a obra de Diana, assim exposta por essa personagem com traços tão fortemente marcados e definidamente revolucionários, nos traz uma importante reflexão sobre o papel social da mulher em diferentes períodos na história da humanidade. Mostrando que muitos foram os caminhos percorridos até as várias conquistas que temos hoje e que muitas dessas realizações se devem ao fato de que sempre existiram e vão existir, para nossa sorte, mulheres como Claire Beauchamp Randall Fraser, que por suas ações nos encoraja todos os dias.

Termino este texto com um enorme e profundo agradecimento as nossas várias Claire’s espalhadas por esse mundo e que por suas ações me permitiram a liberdade de ser quem sou hoje!

Feliz Dia Internacional da Mulher

Fonte: Pinterest


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