PESQUISA: Palácio Linlithgow
Os leitores dos livros de Diana Gabaldon, quando chegam ao final volume A Viajante do Tempo, se deparam com uma das partes mais chocantes da obra da escritora.
No capítulo 35, vemos a luta de Claire, Murtagh e Rupert para conseguirem elaborar um bom plano, com o objetivo de entrar na prisão e resgatar Jamie. Vamos relembrar como Claire descreve o local no final do capítulo 34:
“A construção assomava, negra, contra o céu nublado. Construída no formato de um cubo gigantesco, com 120 metros de lado e uma torre em cada canto, podia abrigar trezentos prisioneiros, mais os quarenta soldados da guarnição e seu comandante, o governador civil e sua equipe e os 48 cozinheiros, ordenanças, cavalariços e outros subalternos necessários à administração do estabelecimento. Prisão de Wentworth. Ergui os olhos para as muralhas assustadoras de granito esverdeado da região de Argyll, com 60 centímetros de espessura na base. Pequenas janelas perfuravam as muralhas aqui e ali. Algumas começavam a cintilar com luz. Outras, que presumi serem as celas dos prisioneiros, permaneciam às escuras.” (GABALDON, 2018, p. 611)
Na série Outlander, as cenas gravadas abordando esse capítulo, foram produzidas no vilarejo de Linlithgow, perto Edimburgo, no Palácio Linlithgow, que serviu de locação para as cenas internas da Prisão de Wentworth.
O mencionado Palácio de Linlithgow (em inglês Linlithgow Palace) é um antigo palácio Real da Escócia, cujas ruínas se encontram na cidade de Linlithgow, região de West Lothian, a 15 milhas de Edimburgo.
No local onde se ergue Linlithgow Castle funcionava
um solar do século XII, posteriormente substituído por uma fortificação chamada
The Peel, construída no século XIV
pelas forças por Eduardo I, da Inglaterra. O local acabou se transformando em
uma fortaleza, uma base militar ideal garantir a segurança das rotas de
provisões entre o segurança das rotas das provisões entre o Castelo
de Edimburgo
e o Castelo de Stirling.
O vilarejo de Linlithgow foi parcialmente destruída num grande incêndio em 1424, daí o Rei Jamie I começou a reconstrução do palácio como uma grande residência para a realeza escocesa.
Ao longo do século seguinte, o palácio desenvolveu-se numa estrutura formal com pátio, com significativas adições feitas por Jaime III, Jaime IV e Jaime V, nascido no palácio em Abril de 1512, acrescentou a portaria exterior e a elaborada fonte do pátio.
Maria, Rainha dos Escoceses nasceu no palácio em Dezembro de 1542, e esteve ocasionalmente no edifício durante o seu reinado. Depois da União das Coroas, em 1603, a Corte Real ficou, em grande medida, sedeada na Inglaterra e Linlithgow foi muito pouco usado. Apesar de o Rei Jaime VI ter mandado reconstruir a ala norte entre 1618 e 1622, o único monarca reinante que esteve em Linlithgow depois dessa data foi o Rei Carlos I, o qual passou ali uma noite em 1633.
O ápice do palácio deu-se em Setembro de 1745, quando Carlos Eduardo Stuart (o Bonnie Prince) visitou Linlithgow na sua marcha para sul, embora não tenha pernoitado ali. Diz-se que a fonte jorrou vinho em sua honra. O exército do Duque de Cumberland destruiu a maior parte dos edifícios do palácio, queimando-os em Janeiro de 1746 (no período da Revolução Jacobita).
O palácio tem sido ativamente conservado desde o início do século XIX, sendo atualmente administrado e mantido pela Historic Scotland.
O lugar está aberto aos visitantes ao longo de todo o ano (entrada paga). No verão, a adjacente igreja paroquial de St. Michael, do século XV, está igualmente aberta ao público, permitindo uma visita combinada a dois dos mais refinados edifícios medievais sobreviventes na Escócia.
A Historic Scotland tem em curso uma experiência com guias turísticos júnior. Usando crianças da vizinha escola primária de Linlithgow Primary, as escolas podem organizar visitas. Durante o verão, os jovens podem fazer visitas voluntariamente, inclusive com piqueniques na área externa.
De Edimburgo é possível pegar um trem que faz parada em Linlithgow e o percurso leva cerca de 20 minutos. O palácio de Linlithgow está em ruínas, mas é possível visitar suas torres, o jardim com as fontes e o lago com cisnes. O príncipe Charles Stuart visitou o palácio durante a sua jornada para o sul, mas em Outlander, a entrada e os corredores deste palácio foram usados como a Wentworth Prison onde Jamie foi preso.
Este belo palácio – uma vez a casa real dos reis Stewart da Escócia - é Wentworth, a prisão fictícia em um episódio (bastante angustiante) de Outlander.
No final da primeira temporada, Jamie é preso, após uma tentativa fracassada de roubo com a “Guarda” – grupos que protegiam as propriedades das Highlands, no século XVIII, em troca de “agrados” dos proprietários das referidas terras. Desta vez ele vai parar em Wentworth, uma fortaleza dos Red Coats.
Uma breve cena, no final do episódio 14, quando Claire e os homens de Dougal chegam ao local, para resgatar Jamie, temos uma amostra da fachada do castelo.
Nesta prisão, Jamie foi condenado à forca. Em outra cena, na série, Claire e Murtagh saem da prisão por um portão grandioso, após uma tentativa fracassada de convencer o diretor da prisão, Sr. Fletcher, de permitir um contato com o prisioneiro. Mas para desgraça de Jamie Fraser, é neste local que ele volta a encontrar seu inimigo, Black Jack Randall (assim chamado graças a sua “alma negra”), ancestral do primeiro marido de Claire, no século XX, o historiador de Oxford, Frank Randall. Jonathan Wolverton Randall, da Oitava Companhia dos Dragões. Este foi o Capitão que açoitou Jamie, quase até a morte (outra cena impressionante), em Fort William (Blackness Castle), por volta de quatro anos antes.
A obra de Diana Gabaldon mostra Black Jack (BJ) como um sádico e sociopata, que encontra seu prazer torturando pessoas, especialmente Claire e Jamie. Em alguns momentos, nos livros posteriores, a autora parece sugerir que BJ tinha algum tipo de “amor” doentio por Jamie Fraser e um ódio incomensurável de Claire.
No livro, as sequelas de Jamie em relação às torturas e violações sofridas em Wentworth são um pouco diferentes. Na obra, ele aparenta mais preocupado com a mutilação de sua mão, mas nos livros posteriores, percebemos que o trauma foi diretamente para o seu inconsciente, através de pesadelos, mesmo com BJ já supostamente morto em Culloden.
Na série, Jamie demora bastante tempo para se recuperar do abuso sexual sofrido, tendo o ocorrido, fatalmente respingado em sua relação com Claire, durante o segundo exílio de Jamie na França (tema para outro artigo também 😂).
No livro, a fuga da prisão ocorre em um inverno, ao meio da neve e eles não vão neste primeiro momento para o monastério. Eles tratam da ferida de Jamie na casa de MacRannoch (o dono das vacas) para apenas depois tentar fugir para a França (e lá eles irão ao monastério – que será objeto do próximo artigo).
Bom, se você achou as cenas da série, de tortura, muito pesadas, saiba que na obra da Diana Gabaldon, o antagonista é muito mais cruel, as cenas são muito piores. Nos livros posteriores, Jamie ainda carrega o trauma dos abusos sexuais sofridos, seja em suas conversas com Claire, com também em pesadelos recorrentes.
Ao final, as perguntas que não querem calar... Qual a verdadeira trajetória de BJ no passado? Por que motivo ele nutria esta obsessiva fixação por Jamie Alexander Malcolm Mackenzie Fraser? E até pela própria Claire? Até que ponto estes sentimentos estavam mesclados com questões políticas? E mais... como pode o próprio Frank ser tão cismado com este ancestral tão parecido fisicamente com ele próprio, mas ao mesmo tempo tão diferente?
Mistérios que Diana Gabaldon deverá responder nos livros 9 e 10. Esperamos ansiosamente.... mesmo que estejamos com 90 anos quando os livros forem lançados.
Até a próxima!😍
Texto escrito pela nossa Sassenach Mônica Araújo
Referências:
BARTOLAMEI, Bruna. Outlander: os locais das gravações da 1 temporada. [S. l.], 9 nov. 2017. Disponível em: https://contandoashoras.com/2017/11/09/outlander-os-locais-das-gravacoes-da-1-temporada/. Acesso em: 15 nov. 2020.
BEATRIZ, Claudia. A Escócia de Outlander. [S. l.], 24 fev. 2020. Disponível em: https://www.aprendizdeviajante.com/a-escocia-de-outlander/. Acesso em: 15 nov. 2020.
GABALDON, Diana. A história de Dougal. In: GABALDON, Diana. Outlander: a viajante do tempo. São Paulo: Arqueiro, 2018. v. 1, cap. 34, p. 595-611.
JULIANA. [8 on 8] 8 cenários de Outlander nas Highlands da Escócia. [S. l.], 8 jun. 2018. Disponível em: https://www.turistando.in/cenarios-de-outlander-highlands-escocia/. Acesso em: 15 nov. 2020.
PALÁCIO de Linlithgow. [S. l.], 13 abr. 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_de_Linlithgow. Acesso em: 15 nov. 2020.
SOPHIE. 4 Linlithgow Palace Outlander Scenes from Wentworth Prison to Visit in Scotland. [S. l.], 31 jul. 2020. Disponível em: https://thirdeyetraveller.com/linlithgow-palace-outlander-scenes/. Acesso em: 15 nov. 2020.
VANESSA. 14 locais escoceses que todos os fãs de
"Outlander" deveriam visitar. [S. l.], 5 jul. 2015.
Disponível em: http://www.lallybroch.net/2015/07/14-locais-escoceses-que-todos-os-fas-de.html.
Acesso em: 14 nov. 2020.
muito bom, eu não conhecia, agora virei fã
ResponderExcluirQue legal! A gente sempre aprendendo com Outlander!
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